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15 de janeiro de 2024Num mundo consagrado pelos narloques e tagliaburros exaspera-se a voz “barrouca” da entidade a um tempo colonial e hipermoderna: ou chamaríamos a isso “barroco”, entre aspas, como os uspianos desoswaldados expelem ab imo pectore. Nosso resenhado é professor de Latim, fã de Lauro Palú, um desconhecido presentificado na sua biblioteca, fã da articulação vertiginosa e complexificadamente pelo ensaísmo do maior poeta mineiro, veníssimas aos veríssimos murilos de andrade, os trocadilhos se escusam pela mallarmaica força da palavra supra ideia.
No universo literário brasileiro, a contemplação do Barroco não se apresenta como mero resgate estético, mas como reflexo de uma tessitura sociocultural intrínseca à formação do imaginário nacional. Nesse contexto, a erudição de Josoel Kovalski em O Homem do Barroco: O Ensaísmo de Affonso Ávila oferece um mergulho transcultural e transhistórico na obra ensaística de Ávila, situando-o no panteão dos grandes intelectuais da literatura neobarroca de toda América, não somente do Brasil e ou Minas Gerais – lá onde não foi por ter sido.
O Barroco, em sua epistemologia, não é apenas uma manifestação artística, mas, sim, uma ontologia da alteridade e da multiplicidade. O "antropobarroquismo" proposto por Ávila reflete as tensões entre tradição e modernidade, centro e periferia, canônico e marginal. É um diálogo que ressoa com a busca pela identidade em territórios pós-coloniais, configurando-se como a expressão de um ethos que resiste à homogeneização.
A abordagem meticulosa de Kovalski acerca do corpus ensaístico de Ávila evidencia uma imersão profunda nas intertextualidades e nas interdisciplinaridades. Através de um arcabouço teórico robusto, Kovalski identifica os diálogos entre Ávila e luminárias literárias tais como Lezama Lima, Octavio Paz, Carpentier, Severo Sarduy, Haroldo sempre Campos, Perlongher estabelecendo conexões epistemológicas que extrapolam as fronteiras geográficas e temporais.
O “fatalismo geopsicológico” de Minas Gerais, com suas paisagens e geografias emocionais, torna-se palco de um embate entre o local e o global, o singular e o universal. A reconstrução identitária, então, é mediada pelo prisma neobarroco, uma estética que, em Ávila, assume um caráter subversivo e revolucionário.
É mister reconhecer que o trabalho de Kovalski não apenas oferece uma exegese profunda da obra de Ávila, mas também contribui para uma reconfiguração das narrativas dominantes sobre a literatura barroca e neobarroca brasileira. Kovalski, portanto, resgata Ávila do risco do esquecimento, posicionando-o como um elo crítico na genealogia do pensamento literário latino-americano: o Ávila-Barroco, o Ávila-Monumento, o Ávila-Tradiçao, Homem-Projeto, Rococó-demais, e ao Fim e ao Cabo- Homem-Fagulha, o Homem-que está sentado à direita de seu mero Verbete: Ávila-Ávila. O homem do Barroco é tudo o que os que sequestram o barroco dizem que ele não é: BARROCO, criador de revistas de vanguardas, experimentador. Barroco e Ávila são tão barrocos quanto os 1500 quilômetros de os aguardam perto-longe. O autor já anuncia os volumes 2 e 3. Esperamos ansiosamente.
Em sua rica tapeçaria textual, Kovalski propõe uma reavaliação, não apenas do legado de Ávila, mas de toda uma tradição literária que se entrelaça com as lutas políticas, estéticas e culturais da América Latina. Sua obra se consagra como uma contribuição seminal ao campo dos estudos literários, propondo uma hermenêutica revigorada da interação entre literatura, história e sociedade.
LUANA THAÍSA PORTELLA – Leitora de Laís, de Ávila e de Kovalski